quarta-feira, 21 de abril de 2010

São Januário, mais que um caldeirão!




Hoje, O estádio São Januário completa 83 anos. Fundado em 21 de abril de 1927, é símbolo de orgulho para torcida vascaína, não só perante seus rivais cariocas, mas para qualquer clube em escala mundial.

O orgulho se deve não só porque foi considerado o primeiro estádio brasileiro de grandes proporções, sendo até a fundação do Maracanã em 1950, o maior estádio da América do Sul, o que originou a alcunha de "Gigante da Colina". Também não apenas por ter sido palco de inúmeras decisões, títulos e glórias esportivas, como a Copa do Mundo de 1950 e a final da Libertadores de 1998, por exemplo. Não se restringe ao fato de ter sido o "habitat" de grandes craques do futebol brasileiro como Barbosa, Bellini, Ademir, Roberto Dinamite, Edmundo e Romário. Ou então, só porque foi onde ocorreram eventos importantes da história brasileira como o Primeiro Congresso Nacional de Educação, o anúncio da Consolidação das Leis de Trabalho (CLT) e alguns desfiles das escolas de samba. Mas sim por tudo o que ele representa.

Muito mais que um caldeirão - quando o Vasco enfrenta seus oponentes em campo -, mais que patrimônio nacional - por sua fachada tombada pelo IPHAN -, mais que um dos sete melhores estádio do mundo para se assistir uma partida de futebol - prêmio conquistado em 2002 -, São Januário é a parte mais importante da história do Clube de Regatas Vasco da Gama e um dos principais marcos da história social do futebol.

O Vasco da Gama e seus torcedores podem ter a honra de dizer que o clube proporcionou uma ruptura nos valores discriminatórios e racistas impregnados no futebol carioca. Representando a aristocracia branca e rica, os clubes da zona sul Fluminense, Flamengo e Botafogo, se diziam no direito de definir a prática do futebol como exclusiva de "amadores", ou seja, só podiam defender clubes futebolísticos aqueles que dispunham de renda e tempo suficiente para praticar o esporte apenas por lazer.

Iniciando sua participação no futebol em 1916, o C.R. Vasco da Gama, montou um time composto por negros, mulatos e brancos pobres que tinham habilidade e potencial."Para mantê-los no time, comerciantes portugueses os registraram como empregados em seus estabelecimentos. Era a maneira de burlar a restrição de um amadorismo com os dias contados. Registros comprovam que o pagamento a jogadores já era prática corrente em 1915"(NEGREIROS, Gilberto. Revista Vasco dez/2009). Ali já começava uma separação dos valores preconceituosos e de raça em função do zelo ao futebol arte, à técnica, à competição, ao esporte. Assim, o time chegou em seis anos á primeira divisão da Liga do Rio de Janeiro.

Quando disputou seu primeiro campeonato carioca em 1923, o Vasco não havia perdido para nenhuma equipe e já havia derrotado Fluminense, Botafogo e América. Porém, no jogo contra o Flamengo, realizado no estádio granfino das Laranjeiras, os torcedores (brancos) dos outros clubes derrotados, inconformados, se uniram para torcer contra os "camisas pretas"(se Hitler fosse brasileiro, aposto que estaria nesse jogo). O resultado, por ironia do recente destino, foi um jogo disputado em que o Vasco perdeu, 3 a 2, com um gol legítimo anulado pelo juiz que viria a ser o presidente do Botafogo no ano seguinte. Mas, mesmo assim, o Vasco ganhou o campeonato.

Os clubes aristocráticos da zona sul, com medo de uma nova derrota, se recusaram a participar do torneio seguinte, caso o Vasco inscrevesse 12 de seus jogadores, todos eles negros e mulatos, o que foi prontamente negado pelo presidente José Augusto Prestes. Depois, fundaram uma liga própria a qual só podiam participar clubes que possuíam estádio. Daí surge a história de São Januário, que foi construído a partir de uma "vaquinha" dos humildes moradores da zona norte da cidade, de comerciantes portugueses e de admiradores do time.

Essa história representa a tradição do estádio vascaína. Traduz o sentimento que deve ser interiorizado em todo vascaíno que ainda duvida da escolha de seu time em razão de outros. Garanto que muitos que escolhessem como critério para torcer por um clube o quesito TRADIÇÃO e HONRA, teriam o Vasco da Gama em seu peito, e seria, sem dúvida, a maior torcida do mundo. Mas o Vasco não precisa de números. Tradição e honra, não são feita de números.

Para finalizar, parabéns a São Januário e a tudo o que significa para a História, para o esporte e para os valores humanos, que estão muito acima de jogadores, dirigentes ou fatos isolados.



Fabricio Balmant

3 comentários:

  1. O BASCO É UMA PUTÊNCIA...como TEMPLÁRIO pode entrar na NOVA ORDEM MUNDIAL de clubes.Parabéns.

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  2. Pra calar a boca de muita gente e deixar os rivais sem argumento. VASCO, CONTRA TUDO E CONTRA TODOS!!!
    Parabens pelo belo texto Fabricio, não poderia ser mais preciso.

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