sexta-feira, 28 de maio de 2010
Sobre o Caso do Lago Totobê.
No dia seguinte, porém, o lago Totobê havia sido tomado pela tribo inimiga. Otregilble não podia acreditar; sua palavra havia sido ferida, ele havia sido desonrado perante toda a tribo e perante a sua família. Toda a sociedade Huburû voltava-se para ele com repulsa e ódio: ‘Como pode deixar Totobê fugir de nossas mãos para o controle maldito de nosso maior rival, os Huabacalaú?’ Otregilbe estava desonrado. Entrou em ruína e demorou muito tempo para reconquistar novamente o respeito de sua tribo. Edaçalca triunfou, levando sua tribo Huabacalaú ao êxito e a vitória máxima.
(Depois explicarei o texto, tentem adivinhar!)
domingo, 16 de maio de 2010
A lamentar a ausência.
terça-feira, 11 de maio de 2010
As (in)coerências de Dunga
Para quem achava que poderíamos ter surpresas na seleção para a disputa de Copa, uma expectativa em vão. Ganso, Neymar, Ronaldinho Gaúcho, fora da “Família Dunga”, ficaram de fora. Um duro golpe para as chances de um futebol bonito e vistoso por parte da Seleção Brasileira, daqui há um mês.Podemos dizer ainda, sem que se considere absurdo, que a grande surpresa – ainda que nada muito inesperado – tenha se dado na ausência de Adriano dos 23 convocáveis. Mais a frente, abordarei esse assunto com mais cuidado.
Sabemos que cada brasileiro se considera um técnico em potencial, entendendo muito mais do que o próprio treinador. Em outras copas, aliás, sempre houve um embate entre algum dos jogadores clamados pelo povo e o comandante da vez, como vimos nos brilhantes artigo dos amigo João Gabriel Bellot e Lugui Burlamarqui.
Considero, porém, que para essa copa o barulho foi menor, porque nas outras o “cara” de fora era nada mais, nada menos, que o maior gênio da pequena área, Romário.
Curiosamente, em 2006, arrisco de dizer que ninguém de grande quilate ficou de fora, sendo ainda sim, nossa seleção um fracasso retumbante, refém da bagunça que se viu em Wegis, e do oba-oba protagonizado principalmente por Ronaldinho Gaucho, Ronaldo Fenômeno e Roberto Carlos. Não esquecendo, claro, do sobrepeso que Adriano já exibia há 4 anos atrás.
Durante a preparação para esse Mundial, Dunga sempre defendeu que aqueles excessos, transmutados em falta de comprometimento, não seriam aceitos para essa copa. E, de fato, nisso foi preciso.
Sempre defendi o trabalho do Gaúcho a frente da seleção. Com algumas críticas aqui e ali, e com algumas modificações aos jogadores levados para a África, penso que os resultados de Dunga são inquestionáveis. Uma Copa América, uma Copa das Confederações, o primeiro lugar com sobras nas Eliminatórias com vitórias maiúsculas fora de casa, contra a Argentina e o Uruguai, principalmente. Claro, empates com a Bolívia, Venezuela e Colômbia, em terras brasileiras, não foram bem digeridos, mas para mim fazem parte desse longo e tortuoso caminho na montagem de um time.
Coerência. Pautado nisto tivemos os 23 jogadores convocados, embora Dunga tenha agido tido um ar um tanto quanto incoerente ao chamar Doni, Kleberson e Gilberto. Estes, somados à Julio Batista, foram os mais criticados da lista.
O goleiro, reserva de um brasileiro na Roma, que nunca teve um brilhantismo à altura de uma seleção. Kleberson, que até 1 mês atrás era reserva no Flamengo. Julio Baptista, que muitos argumentam não ter futebol para ser o reserva imediato da grande estrela do grupo, Kaká. Gilberto que joga de meia no Cruzeiro, está em fim de carreira, mas pode ser justificado pela experiência.
Na defesa, o grande sucesso dessa seleção. Juan e Lúcio, fortalecidos pela grande copa que fizeram em 2006, permanecem como titulares. J. Cesar e Maicon são dois dos destaques do virtual campeão europeu e passam confiança. Na lateral esquerda, um buraco. Gilberto e Michel Bastos sequer ocupam a posição em seus respectivos times, jogando na meia. O primeiro tem vantagem por já ter disputado uma copa e ter bastante rodagem. No banco, o coringa dessa seleção, Daniel Alves, estrela do Barcelona, que pode jogar na direita, na esquerda e até na meia.
No meio, um batalhão de volantes. Gilberto Silva, o capitão, horroroso, mas experiente. Josué, horroroso, mas titular do Wolfsburg. Felipe Melo, que vive péssima fase na Juventus, mas que em minha opinião fez boas partidas com a camisa amarela, excetuando-se as expulsões idiotas em alguns jogos. Ramires, com relativo destaque no Benfica, campeão português. Elano, jogando no esquecido Galatasaray, que bate bem na bola e compõe bem a posição. No mar de volantes, uma ilha de talento, chamada Kaká. Tentando se recuperar das seguidas contusões, e de uma temporada em que foi ofuscado por Cristiano Ronaldo, no Real Madrid. É a grande esperança de criatividade da seleção.
No ataque, Luis Fabiano, matador, excelente jogador. Aposto que brilhará na Copa e irá para um grande da Europa. Robinho, que não decepcionou vestindo a amarelinha, apesar das alegações de que é amarelão. Nilmar, reserva de Robinho, atacante rápido, e de faro goleador. Excelente também. E Grafite, que entrou no lugar de Adriano, fez boa temporada no Wolfsburg e é o reserva de Luis Fabiano.
Para finalizar o assunto, Adriano hoje chorou. Mas esqueceu de todos os erros cometidos durante esses 5 meses do ano, que apagaram tudo que fez no Brasileirão do ano passado. Faltando treinos, jogos decisivos, confusões na Chatuba, e o que é pior: totalmente fora de forma...Joana Machado foi a grande zagueira, que barrou o sonho do menino irresponsável. Resta saber como reagirá a mais esse baque.
sexta-feira, 7 de maio de 2010
Torcer
Talvez um dos aspectos que mais me fascinem no futebol é o que acontece fora de campo, que pode influenciar ou não no que ocorre dentro das quatro linhas – isso pode ser tema de outro artigo, inclusive – e do qual podemos participar, ativamente ou não, por pouco mais de 90 minutos, até que o estádio se cale e retornemos para nossas respectivas casas, ouvindo no carro os prognósticos do jogo. Falo da Torcida, dos Torcedores, e do “Torcer”, quase como um subjetivo próprio, por isso os “t” maiúsculos.
Agenor vai ao jogo, grita, esperneia, rói as unhas, xinga a mãe do árbitro e do artilheiro da equipe que naquele jogo ainda não guardou o seu; no trabalho, no entanto, é tímido, quieto, e o mais educado do mundo, sendo incapaz até de soltar um “porra” quando algo dá errado.
Alexandre, por outro lado, é o mais agitado do mundo, não para de falar um segundo sequer, zoa tudo e todos, brinca com todas as situações. Ao entrar no estádio, porém, guarda tudo pra si, comemora os gols com tímidos soquinhos pro ar, não canta as músicas da torcida...É praticamente um novo homem, irreconhecível. Como se naqueles minutos em que a bola está em jogo, seu pensamento estivesse na pele daquele jogador que muitos chamariam de sem sangue, por não transparecer as emoções.
Ricardo bebe uma garrafa d´água, no máximo, no máximo, um refrigerante em lata, porque é totalmente adepto do estilo mais regrado possível. Executivo, anda sempre bem vestido. Se pudesse, não abandonava o social nem pra ir à praia. Quando pega o metrô, no entanto, que diferença. Une-se aos milhares de torcedores indo pro jogo, e não resiste quando o ambulante oferece “3 latinhas por 5, patrão, lá dentro é mais caro.” A partir daí, que mudança! Passa a comer inclusive aquele “chugatinho” vendido do lado de fora, bota faixa na cabeça, grita que seu time é o melhor do mundo. Sua mulher jamais reconheceria o marido, em um dia qualquer que não o domingo a tarde.
Que diferença! Aliás, que diferenças? Mas...francamente, quem não se reconheceu em um desses tipos ideais citados? Quem não viu seu amigo de arquibancada ali, nesses três estilos, ou em outros que não citei?
Alguns historiadores conservadores, costumam ter um certo preconceito com o aspecto cultural das sociedades. Ignoram o quanto isso pode ser fundamental para definir um povo, e o quanto os hábitos se tornam definidores. No Brasil, entretanto, essa prática do “torcer” é tão fundamental!
Domingo de sol, você já comprou o ingresso, mas seu amigo não. Então, tem que chegar cedo no palco. Fila, confusão, empurra-empurra (estamos no Brasil, camaradas!). É hora daquela cervejinha, de escutar o rádio atentamente, com os prognósticos pro jogão que se avizinha. Ali, nos arredores daquele cimento tão morto agora, mas tão vivo nas próximas horas, a galera chega. O burburinho aumenta, e com isso, seu coração passa a bater mais forte. Alguém, no meio da multidão, puxa um cântico. Você não resiste, vai no embalo. Os pelos do braço ficam arrepiados e você nem percebe. Quer extravasar esse sentimento. Entra no estádio.
Lá dentro, ao subir as rampas, vê as primeiras bandeiras, o barulho da bateria. Sorri, instintivamente, você tá em casa! A sua casa. Olha em volta, vê aquela enormidade que para alguns nada significa e pra ti, pra ti é sua religião. A cadeira, verde, amarela, branca, num instante, se torna o seu sofá. E volta a cantar, solta o grito dos pulmões. Abraça um, que até 10 minutos atrás era um desconhecido.
O estádio encheu. Agora, a multidão palpita. Entraram em campo. Seus onze guerreiros, são eles. Eles que vergam a camisa mais bonita do mundo, a do seu time. Sinalizadores, você grita o nome de cada um. Porra, eles são você. Você está neles. Começou, o juiz não dá a falta, xingamentos, será que hoje dá? Bola na área, o zagueiro sobe e não acha nada. Gol. Seu gol. Você quem fez, ainda que involuntariamente.
Abraços efusivos, após alguns segundos, poucos, o barulho se torna ensurdecedor. Os rivais, se calam. Passa o tempo, você vaia, olha pro relógio, “faltam 10”, grita. Agora, 5. Falta pro adversário. Levantam as mãos, em uníssono. A bola vai pra fora. O juiz apita. Acabou. A vitória é sua, e de toda aquela gente. Agora, corre pra casa, pra ver as mesas redondas, ler as notícias, o que seu ídolo falou.
Amanhã, na segunda, pode até ter esquecido que menos de 24 horas atrás, estava ensandecido, alucinado, tem contas a pagar! Problemas, estresse, tem prova no dia seguinte. Ah, se só houvesse domingos...
Torcer pra um time de coração envolve milhões de coisas: relações de parentesco – se esse hábito foi passado de avô para pai, e deste para o filho - de fidelidade – uma vez que ao torcer, faz-se uma escolha que durará para uma vida inteira, de civilidade – pois devemos aprender a ganhar e perder. Enfim, são múltiplas experiências adquiridas através do simples ato de se dirigir a um estádio.
Simples? Não poderia cometer um atentado maior aos amantes desse esporte. Por que o Dunga não leva o Neymar? O Gaúcho só faz besteira, como pode estar treinando o Vascão? E o Pet, reserva, do Vinicius Pacheco? Futebol, futebol.
quinta-feira, 6 de maio de 2010
Deu vontade de chorar
Foi quando hoje, assitindo hoje na ESPN um documentário sobre Rivellino (Da Série: Os Cinquenta maiores jogadores de todos os tempos), me vi, ao término do documentário, em lágrimas. Não havia motivos para chorar, o documentário era alegre, tudo aquilo já havia se passado, "é apenas futebol", pensava. Mas as lágrimas escorriam, uma a uma, descendo pela face. Era emoção. Felicidade e tristeza, ao mesmo tempo. Felicidade porque pude perceber do que a humanidade é capaz, da arte em estado bruto. Tristeza, por poder saber que isso existiu, mas apenas saber, não ter vivido. Deu vontade de chorar. E chorei.
Vendo aquela Seleção, percebi que estava diante de uma linda obra de arte, de uma conquista monumental da História. E pensei em todos aqueles jogos fantásticos que ocorreram na Copa de 70. Brasil X Inglaterra. E naquele gol incrível de Carlos Alberto. Espirito da equipe, era o triunfo do potencial humano em um só gol, comparável às grandes obras de um Mozart, de um Picasso, de um Rembrandt! Neste instante, pela primeira vez em minha carreira (curta, é verdade) de historiador desejei poder construir minha própria máquina do tempo e partir rumo àquela final, Brasil X Itália, sem saber o que iria acontecer... E, sentir, no fundo da minha alma, estar diante de um acontecimento único na história da humanidade. Que se explodam as Revoluções Francesas. Não há na história da humanidade lugar melhor para estar do que na Copa de 1970. Final: Brasil X Itália.
PS: Esqueçam o que escrevi. Abobrinhas sobre Ballack, elogios a escoceses, asneiras falando de etnocentrismo, estupidezes sobre o futebol inglês. Não houve, não haverá, não pode haver Seleção Brasileira como a de 1970. Os alemães desengonçados tentram em vão nos vencer, os catenaccios italianos morreram inúteis nas praias, a catimba porteña (argentina e uruguai) foi inócua, os ingleses perceberam, enfim, que haviamos aperfeiçoado muito o que eles se vangloriavam ter criado. Pelé, Tostão, Rivellino, Carlos Alberto, Jairzinho...
Aquilo não era futebol; era arte, plena de transcendência, carregada com imanência...
Convocação da Seleção Alemã.
Goleiro: Manuel Neuer (Schalke 04), Tim Wiese (Werder Bremen), Jörg Butt (Bayern München) -
Defensores: Dennis Aogo (Hamburger SV) Jerome Boateng (Hamburger SV), Arne Friedrich (Hertha BSC Berlin), Philipp Lahm (Bayern München), Per Mertesacker (Werder Bremen), Marcell Jansen (Hamburger SV), Serdar Tasci (VfB Stuttgart), Holger Badstuber (Bayern München), Heiko Westermann (Schalke 04), Andreas Beck (1899 Hoffenheim) -
Meio-campo: Michael Ballack (FC Chelsea), Marko Marin, Mesut Özil (alle Werder Bremen), Piotr Trochowski (Hamburger SV), Sami Khedira, Christian Träsch (beide VfB Stuttgart), Toni Kroos (Bayer Leverkusen), Bastian Schweinsteiger (Bayern München) -
Atacante: Cacau (VfB Stuttgart), Mario Gomez, Miroslav Klose, Thomas Müller (alle Bayern München), Stefan Kießling (Bayer Leverkusen), Lukas Podolski (1. FC Köln)
quarta-feira, 5 de maio de 2010
O lugar de Michael Ballack na história do futebol
"Eis que temos a pior Alemanha de todos os tempos se preparando para uma Copa do Mundo". Era isso que eu estava habituado a ouvir, pelo menos de grande parte da imprensa brasileira, antes do início da Copa de 2002. Havia uma espécie de consenso sobre o fato de que a Alemanha era um time patético, que, com dificuldade, avançaria às fases finais. Nas últimas duas Copas, a celebrada geração de Klinsmann não havia ido além das quartas-de-final, sofrendo de eliminações vexatórias, em 1998, para a Croácia, de Davor Suker, Prosinecki e Boban e, em 1994, para a Bulgária do carequinha Letchkov e de Stoichkov. Nesse ínterim, apesar de um título europeu em 1996, a lembrança mais recente era a eliminação na primeira fase(em último lugar!) na Euro 2000. A má campanha nas eliminatórias aliada, que culminou com um derota vexaminosa no jogo contra a Inglaterra, em Berlin, por 5 a 1, diziam muito sobre aquela seleção alemã. Mais do que isso, a nula experiência do técnico Rudi Völler era um componente de dúvida a mais sobre o destino do selecionado alemão. Verdade que o Bayer Leverkusen e o Bayern de Munique tenham alcançado alguns bons resultados nos torneios europeus, mas eles contavam com jogadores estrangeiros, como Lúcio e Lizarazu, e ficava difícil saber se a força destes clubes se refletiria na Seleção Alemã. Entretanto, havia, num destes times, um jovem, então com 24 anos, de grande potencial. A final da Champions daquele ano, mais conhecida como a final do "gol de Zinedine Zidane", ofuscou a existência de um adversário, o Bayern Leverkusen, e de seu principal jogador: Michael Ballack.
Em 2010, Michael Ballack terá sua última chance de título. A Alemanha é sempre favorita, mas enfrentará uma chave bastante complicada e imagino que tenham muita dificuldade de ir para além das quartas e semi-finais. Mas Alemanha, depois do Brasil, é o time mais forte em Copas do Mundo, e eles podem, sim, surpreender. Não duvidem de geração de Ballack. Ballack chega com 33 anos para esta Copa do Mundo. Está mais velho, mais cansado, mas, ao mesmo tempo, está mais experiente. Se não tem o vigor físico de outrora, tem uma grande bagagem sobre suas costas e isso pode ser crucial para que ele lidere o seu time.
Por tudo que fizeram dentro de campo, alcançando ótimos resultados, independente do título em 2010, o nome de Ballack e de sua geração estará gravado para sempre nos anais da estória do futebol, ao lado da geração dos grandes do futebol alemão: Fritz Walter, Beckenbauer, Rummenigge, Lothar Matheus, Klismann e Michael Ballack...