sexta-feira, 28 de maio de 2010

Sobre o Caso do Lago Totobê.

Dizia o provérbio que as tribos de Huabacalaú e Huburû estavam em guerra desde milhares de anos antes do nada. Apesar da guerra entre os povos, os chefes das tribos estavam em constante troca e comunhão. Chefes eram chefes. Sua identidade como chefe prevalecia sobre sua identidade enquanto tribo. Há muito tempo, então, numa época em que a água era escassa e a comida rareava, os conflitos entre as tribos se acentuaram. Era uma questão de sobrevivência. Foi quando a tribo Huburû fez uma grande descoberta. O lago Totobê, rico em peixes e em água potável, trouxera, novamente, a felicidade para a tribo Huburû. A felicidade de Huburû representava a infelicidade de Huabacalaú, que queria, a todo o custo, ocupar o lago Totobê, fonte da riqueza alheia. Foi assim que um dia, Otregible, da tribo Huburû, foi ter com o chefe da tribo Huabacalaú, Edaçalca uma conversa em particular. Levou sua esposa e seus filhos e lhe perguntou, de líder para líder, de chefe para chefe, de grande-homem para grande-homem: “Edalcaça, pararás com a cobiça de teu povo ante o Lago Totobê, te peço em frente a minha esposa e a minha filha”. Nisso, Edalcaça respondeu assim: “Jamais invadirei tua tribo em vão. Custará muitos homens, será um esforço em vão. Tens minha palavra.” Otregilble se tranqüilizou e voltou para sua tribo, e tratou de tranqüilizar a todos, no que o suspiro geral confirmava o fato sabido: “Os chefes se respeitam”. Otregilble, assim, mandou recolher seu exército no mesmo instante. Não teria medo de um possível ataque ao lago Totobê.


No dia seguinte, porém, o lago Totobê havia sido tomado pela tribo inimiga. Otregilble não podia acreditar; sua palavra havia sido ferida, ele havia sido desonrado perante toda a tribo e perante a sua família. Toda a sociedade Huburû voltava-se para ele com repulsa e ódio: ‘Como pode deixar Totobê fugir de nossas mãos para o controle maldito de nosso maior rival, os Huabacalaú?’ Otregilbe estava desonrado. Entrou em ruína e demorou muito tempo para reconquistar novamente o respeito de sua tribo. Edaçalca triunfou, levando sua tribo Huabacalaú ao êxito e a vitória máxima.

(Depois explicarei o texto, tentem adivinhar!)

domingo, 16 de maio de 2010

A lamentar a ausência.

Não amigos, não é para lamentar a ausência de Ganso ou Neymar, mas a minha própria. Lamento a ausência do blog durante esta semana e prometo que voltarei a escrever na semana que vem, prometendo alguns textos bombásticos sobre a (ir) relevância do conceito de futebol-arte, a tradicional coluna e, quem sabe, se houver tempo, algo sobre a Final da Copa dos Campeões para um certo amigo alemão!


Abraços!

terça-feira, 11 de maio de 2010

As (in)coerências de Dunga

Para quem achava que poderíamos ter surpresas na seleção para a disputa de Copa, uma expectativa em vão. Ganso, Neymar, Ronaldinho Gaúcho, fora da “Família Dunga”, ficaram de fora. Um duro golpe para as chances de um futebol bonito e vistoso por parte da Seleção Brasileira, daqui há um mês.Podemos dizer ainda, sem que se considere absurdo, que a grande surpresa – ainda que nada muito inesperado – tenha se dado na ausência de Adriano dos 23 convocáveis. Mais a frente, abordarei esse assunto com mais cuidado.

Sabemos que cada brasileiro se considera um técnico em potencial, entendendo muito mais do que o próprio treinador. Em outras copas, aliás, sempre houve um embate entre algum dos jogadores clamados pelo povo e o comandante da vez, como vimos nos brilhantes artigo dos amigo João Gabriel Bellot e Lugui Burlamarqui.

Considero, porém, que para essa copa o barulho foi menor, porque nas outras o “cara” de fora era nada mais, nada menos, que o maior gênio da pequena área, Romário.

Curiosamente, em 2006, arrisco de dizer que ninguém de grande quilate ficou de fora, sendo ainda sim, nossa seleção um fracasso retumbante, refém da bagunça que se viu em Wegis, e do oba-oba protagonizado principalmente por Ronaldinho Gaucho, Ronaldo Fenômeno e Roberto Carlos. Não esquecendo, claro, do sobrepeso que Adriano já exibia há 4 anos atrás.

Durante a preparação para esse Mundial, Dunga sempre defendeu que aqueles excessos, transmutados em falta de comprometimento, não seriam aceitos para essa copa. E, de fato, nisso foi preciso.

Sempre defendi o trabalho do Gaúcho a frente da seleção. Com algumas críticas aqui e ali, e com algumas modificações aos jogadores levados para a África, penso que os resultados de Dunga são inquestionáveis. Uma Copa América, uma Copa das Confederações, o primeiro lugar com sobras nas Eliminatórias com vitórias maiúsculas fora de casa, contra a Argentina e o Uruguai, principalmente. Claro, empates com a Bolívia, Venezuela e Colômbia, em terras brasileiras, não foram bem digeridos, mas para mim fazem parte desse longo e tortuoso caminho na montagem de um time.

Coerência. Pautado nisto tivemos os 23 jogadores convocados, embora Dunga tenha agido tido um ar um tanto quanto incoerente ao chamar Doni, Kleberson e Gilberto. Estes, somados à Julio Batista, foram os mais criticados da lista.

O goleiro, reserva de um brasileiro na Roma, que nunca teve um brilhantismo à altura de uma seleção. Kleberson, que até 1 mês atrás era reserva no Flamengo. Julio Baptista, que muitos argumentam não ter futebol para ser o reserva imediato da grande estrela do grupo, Kaká. Gilberto que joga de meia no Cruzeiro, está em fim de carreira, mas pode ser justificado pela experiência.

Na defesa, o grande sucesso dessa seleção. Juan e Lúcio, fortalecidos pela grande copa que fizeram em 2006, permanecem como titulares. J. Cesar e Maicon são dois dos destaques do virtual campeão europeu e passam confiança. Na lateral esquerda, um buraco. Gilberto e Michel Bastos sequer ocupam a posição em seus respectivos times, jogando na meia. O primeiro tem vantagem por já ter disputado uma copa e ter bastante rodagem. No banco, o coringa dessa seleção, Daniel Alves, estrela do Barcelona, que pode jogar na direita, na esquerda e até na meia.

No meio, um batalhão de volantes. Gilberto Silva, o capitão, horroroso, mas experiente. Josué, horroroso, mas titular do Wolfsburg. Felipe Melo, que vive péssima fase na Juventus, mas que em minha opinião fez boas partidas com a camisa amarela, excetuando-se as expulsões idiotas em alguns jogos. Ramires, com relativo destaque no Benfica, campeão português. Elano, jogando no esquecido Galatasaray, que bate bem na bola e compõe bem a posição. No mar de volantes, uma ilha de talento, chamada Kaká. Tentando se recuperar das seguidas contusões, e de uma temporada em que foi ofuscado por Cristiano Ronaldo, no Real Madrid. É a grande esperança de criatividade da seleção.

No ataque, Luis Fabiano, matador, excelente jogador. Aposto que brilhará na Copa e irá para um grande da Europa. Robinho, que não decepcionou vestindo a amarelinha, apesar das alegações de que é amarelão. Nilmar, reserva de Robinho, atacante rápido, e de faro goleador. Excelente também. E Grafite, que entrou no lugar de Adriano, fez boa temporada no Wolfsburg e é o reserva de Luis Fabiano.

Para finalizar o assunto, Adriano hoje chorou. Mas esqueceu de todos os erros cometidos durante esses 5 meses do ano, que apagaram tudo que fez no Brasileirão do ano passado. Faltando treinos, jogos decisivos, confusões na Chatuba, e o que é pior: totalmente fora de forma...Joana Machado foi a grande zagueira, que barrou o sonho do menino irresponsável. Resta saber como reagirá a mais esse baque.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Torcer

Talvez um dos aspectos que mais me fascinem no futebol é o que acontece fora de campo, que pode influenciar ou não no que ocorre dentro das quatro linhas – isso pode ser tema de outro artigo, inclusive – e do qual podemos participar, ativamente ou não, por pouco mais de 90 minutos, até que o estádio se cale e retornemos para nossas respectivas casas, ouvindo no carro os prognósticos do jogo. Falo da Torcida, dos Torcedores, e do “Torcer”, quase como um subjetivo próprio, por isso os “t” maiúsculos.

Agenor vai ao jogo, grita, esperneia, rói as unhas, xinga a mãe do árbitro e do artilheiro da equipe que naquele jogo ainda não guardou o seu; no trabalho, no entanto, é tímido, quieto, e o mais educado do mundo, sendo incapaz até de soltar um “porra” quando algo dá errado.

Alexandre, por outro lado, é o mais agitado do mundo, não para de falar um segundo sequer, zoa tudo e todos, brinca com todas as situações. Ao entrar no estádio, porém, guarda tudo pra si, comemora os gols com tímidos soquinhos pro ar, não canta as músicas da torcida...É praticamente um novo homem, irreconhecível. Como se naqueles minutos em que a bola está em jogo, seu pensamento estivesse na pele daquele jogador que muitos chamariam de sem sangue, por não transparecer as emoções.

Ricardo bebe uma garrafa d´água, no máximo, no máximo, um refrigerante em lata, porque é totalmente adepto do estilo mais regrado possível. Executivo, anda sempre bem vestido. Se pudesse, não abandonava o social nem pra ir à praia. Quando pega o metrô, no entanto, que diferença. Une-se aos milhares de torcedores indo pro jogo, e não resiste quando o ambulante oferece “3 latinhas por 5, patrão, lá dentro é mais caro.” A partir daí, que mudança! Passa a comer inclusive aquele “chugatinho” vendido do lado de fora, bota faixa na cabeça, grita que seu time é o melhor do mundo. Sua mulher jamais reconheceria o marido, em um dia qualquer que não o domingo a tarde.

Que diferença! Aliás, que diferenças? Mas...francamente, quem não se reconheceu em um desses tipos ideais citados? Quem não viu seu amigo de arquibancada ali, nesses três estilos, ou em outros que não citei?

Alguns historiadores conservadores, costumam ter um certo preconceito com o aspecto cultural das sociedades. Ignoram o quanto isso pode ser fundamental para definir um povo, e o quanto os hábitos se tornam definidores. No Brasil, entretanto, essa prática do “torcer” é tão fundamental!

Domingo de sol, você já comprou o ingresso, mas seu amigo não. Então, tem que chegar cedo no palco. Fila, confusão, empurra-empurra (estamos no Brasil, camaradas!). É hora daquela cervejinha, de escutar o rádio atentamente, com os prognósticos pro jogão que se avizinha. Ali, nos arredores daquele cimento tão morto agora, mas tão vivo nas próximas horas, a galera chega. O burburinho aumenta, e com isso, seu coração passa a bater mais forte. Alguém, no meio da multidão, puxa um cântico. Você não resiste, vai no embalo. Os pelos do braço ficam arrepiados e você nem percebe. Quer extravasar esse sentimento. Entra no estádio.

Lá dentro, ao subir as rampas, vê as primeiras bandeiras, o barulho da bateria. Sorri, instintivamente, você tá em casa! A sua casa. Olha em volta, vê aquela enormidade que para alguns nada significa e pra ti, pra ti é sua religião. A cadeira, verde, amarela, branca, num instante, se torna o seu sofá. E volta a cantar, solta o grito dos pulmões. Abraça um, que até 10 minutos atrás era um desconhecido.

O estádio encheu. Agora, a multidão palpita. Entraram em campo. Seus onze guerreiros, são eles. Eles que vergam a camisa mais bonita do mundo, a do seu time. Sinalizadores, você grita o nome de cada um. Porra, eles são você. Você está neles. Começou, o juiz não dá a falta, xingamentos, será que hoje dá? Bola na área, o zagueiro sobe e não acha nada. Gol. Seu gol. Você quem fez, ainda que involuntariamente.

Abraços efusivos, após alguns segundos, poucos, o barulho se torna ensurdecedor. Os rivais, se calam. Passa o tempo, você vaia, olha pro relógio, “faltam 10”, grita. Agora, 5. Falta pro adversário. Levantam as mãos, em uníssono. A bola vai pra fora. O juiz apita. Acabou. A vitória é sua, e de toda aquela gente. Agora, corre pra casa, pra ver as mesas redondas, ler as notícias, o que seu ídolo falou.

Amanhã, na segunda, pode até ter esquecido que menos de 24 horas atrás, estava ensandecido, alucinado, tem contas a pagar! Problemas, estresse, tem prova no dia seguinte. Ah, se só houvesse domingos...

Torcer pra um time de coração envolve milhões de coisas: relações de parentesco – se esse hábito foi passado de avô para pai, e deste para o filho - de fidelidade – uma vez que ao torcer, faz-se uma escolha que durará para uma vida inteira, de civilidade – pois devemos aprender a ganhar e perder. Enfim, são múltiplas experiências adquiridas através do simples ato de se dirigir a um estádio.

Simples? Não poderia cometer um atentado maior aos amantes desse esporte. Por que o Dunga não leva o Neymar? O Gaúcho só faz besteira, como pode estar treinando o Vascão? E o Pet, reserva, do Vinicius Pacheco? Futebol, futebol.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Deu vontade de chorar

Não sou sensível às tragédias ou as conquistas da história: dificilmente me vejo lamentando um fato pregresso, ou, menos ainda, celebrando um acontecimento que passou. Claro, ao estudar sobre o genocídio judaico, ou a redução de homens à coisas, na escravidão moderna, fico triste porque me dou conta que o ser humano somos capazes de barbaridades de tal monta. Mas nunca me peguei chorando refletindo sobre o fato de que milhões pessoas morreram numa camara de gás.
Há mais: menos do que me importar com o passado, acho que nunca desejei desejar o sonho de qualquer historiador: construir uma máquina do tempo e migrar para algum acontecimento espetacular...Tudo isso sempre me pareceu absolutamente ridiculo.
Jamais quis estar na Revolução Francesa, na Revolução Rússia, na Idade Média (seja lá o que de importante possa ter acontecido nesta época), na abolição da escravidão, na Queda do Império Romano, na Grécia antiga para poder (ora viva!) conversar com Sócrates. Todas estas coisas, para mim, soam como patéticas...

Foi quando hoje, assitindo hoje na ESPN um documentário sobre Rivellino (Da Série: Os Cinquenta maiores jogadores de todos os tempos), me vi, ao término do documentário, em lágrimas. Não havia motivos para chorar, o documentário era alegre, tudo aquilo já havia se passado, "é apenas futebol", pensava. Mas as lágrimas escorriam, uma a uma, descendo pela face. Era emoção. Felicidade e tristeza, ao mesmo tempo. Felicidade porque pude perceber do que a humanidade é capaz, da arte em estado bruto. Tristeza, por poder saber que isso existiu, mas apenas saber, não ter vivido. Deu vontade de chorar. E chorei.

Vendo aquela Seleção, percebi que estava diante de uma linda obra de arte, de uma conquista monumental da História. E pensei em todos aqueles jogos fantásticos que ocorreram na Copa de 70. Brasil X Inglaterra. E naquele gol incrível de Carlos Alberto. Espirito da equipe, era o triunfo do potencial humano em um só gol, comparável às grandes obras de um Mozart, de um Picasso, de um Rembrandt! Neste instante, pela primeira vez em minha carreira (curta, é verdade) de historiador desejei poder construir minha própria máquina do tempo e partir rumo àquela final, Brasil X Itália, sem saber o que iria acontecer... E, sentir, no fundo da minha alma, estar diante de um acontecimento único na história da humanidade. Que se explodam as Revoluções Francesas. Não há na história da humanidade lugar melhor para estar do que na Copa de 1970. Final: Brasil X Itália.

PS: Esqueçam o que escrevi. Abobrinhas sobre Ballack, elogios a escoceses, asneiras falando de etnocentrismo, estupidezes sobre o futebol inglês. Não houve, não haverá, não pode haver Seleção Brasileira como a de 1970. Os alemães desengonçados tentram em vão nos vencer, os catenaccios italianos morreram inúteis nas praias, a catimba porteña (argentina e uruguai) foi inócua, os ingleses perceberam, enfim, que haviamos aperfeiçoado muito o que eles se vangloriavam ter criado. Pelé, Tostão, Rivellino, Carlos Alberto, Jairzinho...

Aquilo não era futebol; era arte, plena de transcendência, carregada com imanência...

Convocação da Seleção Alemã.

À medida que as seleções forem sendo convocadas, as postarei aqui. (as principais, claro)



Goleiro: Manuel Neuer (Schalke 04), Tim Wiese (Werder Bremen), Jörg Butt (Bayern München) -


Defensores: Dennis Aogo (Hamburger SV) Jerome Boateng (Hamburger SV), Arne Friedrich (Hertha BSC Berlin), Philipp Lahm (Bayern München), Per Mertesacker (Werder Bremen), Marcell Jansen (Hamburger SV), Serdar Tasci (VfB Stuttgart), Holger Badstuber (Bayern München), Heiko Westermann (Schalke 04), Andreas Beck (1899 Hoffenheim) -



Meio-campo: Michael Ballack (FC Chelsea), Marko Marin, Mesut Özil (alle Werder Bremen), Piotr Trochowski (Hamburger SV), Sami Khedira, Christian Träsch (beide VfB Stuttgart), Toni Kroos (Bayer Leverkusen), Bastian Schweinsteiger (Bayern München) -



Atacante: Cacau (VfB Stuttgart), Mario Gomez, Miroslav Klose, Thomas Müller (alle Bayern München), Stefan Kießling (Bayer Leverkusen), Lukas Podolski (1. FC Köln)

quarta-feira, 5 de maio de 2010

O lugar de Michael Ballack na história do futebol

Coluna: Grandes craques

"Eis que temos a pior Alemanha de todos os tempos se preparando para uma Copa do Mundo". Era isso que eu estava habituado a ouvir, pelo menos de grande parte da imprensa brasileira, antes do início da Copa de 2002. Havia uma espécie de consenso sobre o fato de que a Alemanha era um time patético, que, com dificuldade, avançaria às fases finais. Nas últimas duas Copas, a celebrada geração de Klinsmann não havia ido além das quartas-de-final, sofrendo de eliminações vexatórias, em 1998, para a Croácia, de Davor Suker, Prosinecki e Boban e, em 1994, para a Bulgária do carequinha Letchkov e de Stoichkov. Nesse ínterim, apesar de um título europeu em 1996, a lembrança mais recente era a eliminação na primeira fase(em último lugar!) na Euro 2000. A má campanha nas eliminatórias aliada, que culminou com um derota vexaminosa no jogo contra a Inglaterra, em Berlin, por 5 a 1, diziam muito sobre aquela seleção alemã. Mais do que isso, a nula experiência do técnico Rudi Völler era um componente de dúvida a mais sobre o destino do selecionado alemão. Verdade que o Bayer Leverkusen e o Bayern de Munique tenham alcançado alguns bons resultados nos torneios europeus, mas eles contavam com jogadores estrangeiros, como Lúcio e Lizarazu, e ficava difícil saber se a força destes clubes se refletiria na Seleção Alemã. Entretanto, havia, num destes times, um jovem, então com 24 anos, de grande potencial. A final da Champions daquele ano, mais conhecida como a final do "gol de Zinedine Zidane", ofuscou a existência de um adversário, o Bayern Leverkusen, e de seu principal jogador: Michael Ballack.
Em 2002, com a indispensável ajuda de Oliver Kahn e de Miroslav Klose, um Mr. World Cup, Michael Ballack fez uma Copa exuberante. Contra os Estados-Unidos, nas quartas-de-final, exibiu um futebol de alta qualidade, de nível internacional. E contra a Coréia do Sul, anfitriã, foi simplesmente espetacular. Na semi-final da Copa de 1990, Alemanha contra Inglaterra, num dos episódios mais marcantes da estória das Copas, Paul Gascoigne, ao receber um cartão amarelo, desatou a chorar. Aquele cartão significa que Gazza estaria fora de uma possível final e tudo aquilo foi demais para o jovem jogador inglês. O choro, quase como uma criança, parecia ser a única opção. Visivelmente desistabilizado, Gazza, embora tenha sensibilizado o mundo, não conseguiu levar a sua Inglaterra ao triunfo ante a Alemanha de Matthaus. Doze anos depois, porém, o principal jogador alemão, Ballack sofreria do mesmo infortúnio: o cartão amarelo aplicado pelo árbitro suíço Urs Meier significava a sua ausência da final. O jogo ainda estava empatado sem gols. E, se Ballack não retornasse rapidamente ao jogo, sua Alemanha estaria fora  da final contra o Brasil. Mas Ballack não só retornou ao jogo, frio como um bom alemão, como ainda marcou o gol da vitória. Alemanha 1 x 0 Coréia do Sul, gol de Ballack.
Na final, sua ausência representou muito para o Brasil. O Brasil dominou o meio-campo com facilidade e acabou vencendo o jogo por 2 x 0. Mas, certamente, a pergunta "E se Michael Ballack estivesse em campo?", continuará ecoando por muito tempo na cabeça de brasileiros e alemães.

Mas a geração de Ballack ainda conseguiu fazer muito mais por seus companheiros e por sua seleção. Na Copa da Alemanha, uma semi-final, com uma eliminação absolutamente injusta na semi-final, contra a Itália. No jogo mais espetacular daquela Copa, a Itália, comandada pelos estupendos Fábio Grosso, Francesco Totti, Andrea Pirlo, venceu a Alemanha numa prorrogação soberba. E na Euro 2008, novamente, a superação: a derrota na final contra a Espanha, o time dos sonhos, por 1 a 0, não diminiuiu em nada a bela campanha da Seleção Alemã. Na minha lembrança, porém, o gol de Lahm, nos acréscimos contra a Turquia, é o que ficará daquele time que mostrou muito talento na Suíça.

Em 2010, Michael Ballack terá sua última chance de título. A Alemanha é sempre favorita, mas enfrentará uma chave bastante complicada e imagino que tenham muita dificuldade de ir para além das quartas e semi-finais. Mas Alemanha, depois do Brasil, é o time mais forte em Copas do Mundo, e eles podem, sim, surpreender. Não duvidem de geração de Ballack. Ballack chega com 33 anos para esta Copa do Mundo. Está mais velho, mais cansado, mas, ao mesmo tempo, está mais experiente. Se não tem o vigor físico de outrora, tem uma grande bagagem sobre suas costas e isso pode ser crucial para que ele lidere o seu time.

Por tudo que fizeram dentro de campo, alcançando ótimos resultados, independente do título em 2010, o nome de Ballack e de sua geração estará gravado para sempre nos anais da estória do futebol, ao lado da geração dos grandes do futebol alemão: Fritz Walter, Beckenbauer, Rummenigge, Lothar Matheus, Klismann e Michael Ballack...

terça-feira, 4 de maio de 2010

"Goosebumps" ou o Deus-Ganso

"Agora vou para casa ver o Ganso ser endeusado", disse um amigo (o Gondim, falo logo!), depois da pelada de segunda, referindo-se ao fato de que, ao chegar em casa, veria o "Linha de Passe", programa que, certamente, os comentaristas se derreteriam de elogios ao Paulo Henrique Lima, o Ganso, meio-campo do Santos, após atuação exuberante contra o Santo André. Vá lá. Verdade que desde a geração de Sócrates não aparece um sujeito tão lúcido, com tanta noção do espaço do campo de futebol, quanto este tal de Ganso. Se me perguntassem, Luiz, você levaria o Ganso? Sim, amigos, eu levaria. Mas, se indagado sobre o fato de que seria injusta a sua não-convocação? Não hesitaria em afirmar que não.



Dentro de campo, não gosto do trabalho do Dunga. Acho que ele escala mal o time, não gosto do estilo de jogo que ele impõe à equipe e, muito menos, gosto de sua "filosofia" de trabalho. Principalmente, revolta-me o fato dele não ter "renovado" a seleção. Acho inadmissível que o Gilberto Silva, aos 33 anos, seja titular absoluto do meio-campo. Ou, na pior das hipóteses, que seu reserva imediato, tenha 31 anos, Josué. O trabalho do treinador da Seleção é, também, prepará-la para os que se seguirão a ele, no comando da canarinho. Também não gosto do trabalho do Dunga, no extra-campo. Ele trata mal a imprensa, sem muita razão. Mas, principalmente, Dunga não vai à estádios de futebol. Alguém aqui já viu o Dunga numa partida de futebol? Eu vi uma ou duas vezes. Existe uma enorme diferença entre o jogo da televisão e o jogo dos estádios. O técnico da Seleção deve trabalhar dia e noite, noite e dia. Dedicação exclusiva. Dunga parece achar que só trabalha quando a Seleção está reunida, e isso não é verdade. Fábio Cappello, da Seleção inglesa, está sempre freqüentando os jogos da Premier League. No mesmo dia, assistiu em Old Trafford, Man Utd X Spurs, para, rumar a Londres, e assistir um belo Chelsea X Arsenal. Mas o Dunga não está em nenhum estádio. Não acompanha os selecionáveis de perto, ao vivo e a cores. Talvez, até por isso, insista com um Doni, eterno reserva, no banco da Seleção.

Há, porém, um ponto em que acho o trabalho do Dunga louvável: a convocação. O Dunga, na medida do possível, convocou razoavelmente bem. Discordo, sim, de algumas de suas preferências, mas são preferências e as preferências, muitas vezes, são individuais. Particularmente prefiro o Pato ao Nilmar. Mas é aceitável que alguém goste mais do Nilmar e queira utilizá-lo. Alex, para mim, é mais zagueiro do que todos (a exceção do Lúcio). Mas compreendo que o Dunga tenha uma predileção por Luisão. Detesto o Ramires. Prefiro o Lucas ao Gilberto Silva. Mas, em termos gerais, o Dunga não comete nenhuma injustiça absurda. É impossível que duas cabeças pensem da mesma forma quando se trata de 22 jogadores. Cada torcedor, cada brasileiro, achará que se deve levar determinado jogador para determinada posição. A eterna máxima: duas cabeças não pensam da mesma forma. Mas Dunga não comete nenhum absurdo. Kléberson, talvez. Mas, dificilmente, Kléberson irá à Copa. Doni, também, me parece um ser estranho na Seleção. O resto é o resto. Assim como cada um é cada um. Adriano também fez muita bobagem e não merece ir à Copa.

Levar o Ganso, agora? Por que? Defendo ainda a convocação do Ronaldinho Gaúcho, acho que ele merece uma chance, por tudo que fez na temporada. Ele é um jogador capaz de mudar uma partida no segundo tempo, de imprimir uma nova dinâmica ao time. Coisa que o Júlio Baptista não é. Coisa que ninguém no banco da Seleção é capaz de fazer. Mas o Ganso? O Neymar? Não, amigos, não acho que tenha chegado a hora. Ganso e Neymar serão grandes jogadores. Mas até agora não provaram nada a ninguém. Disputaram um campeonato estadual muito bem. E só. Sem dúvida que merecem uma convocação, mas será que merecem "a" convocação, aquela mais aguardada por todos, aquela que acontece de quatro em quatro anos? No no lo creo. Mas, no ano passado, o Ganso teve atuações risíveis (como queria o Douglas Costa de titular!) no campeonato mundial sub-20 e o Neymar, jogando de salto alto, crente na arrogância à brasileira, de que a "Suíça jamais terá um time bom no futebol", foi eliminado na primeira fase. Verdade que acontece muita coisa de ano para ano, e verdade que, quando somos jovens, mudamos com uma rapidez que é imperceptível até para quem está em processo de mudança. Um ano é muita coisa na vida de um jovem de 17 anos. E o Neymar deste ano já não é mais o Neymar que era antes. Isso também vale (em menor proporção) para o Ganso. Mas acontece que ambas as experiências internacionais dos dois foram um fracasso retumbante. Amigos, não culpem o Dunga se não forem convocados... Podem culpá-lo até, mas não por isso...


Outras não convocações:

Zico, 1974. Zico ainda não era Zico. Mais já desfilava talento e esbanjava categoria. Uma situação muito próxima a de Ganso agora. Zico acabou não indo.
Falcão, 1978. Havia um clamor nacional pela sua convocação. E Falcão já era Falcão. Tinha sido eleito o melhor jogador do campeonato brasileiro. Uma das maiores injustiças da estória das Copas... Talvez, mesmo em 1978, ainda houvesse certa resistência em se convocar jogadores fora do eixo Rio-SP.

Romário, 2002. Mais do que conhecida. O Brasil acabou campeão, mas poderia ter sido campeão com Romário junto.


Alex, 2006. O Alex poderia ter disputado uma Copa, pelo menos. Sua carreira merecia isso.


Maradona, 1978. Maradona fora de uma seleção argentina? Isso parece ridículo, mas não foi para Menotti em 1978. Ele não levou o craque, ainda muito novo, com 18 anos, mesmo já tendo sido convocado para algumas partidas pelo selecionado principal.
Quem lembrar de mais não-convocações, pode postar aqui!

domingo, 2 de maio de 2010

Lévi-Strauss, etnocentrismo e futebol.

Lévi-Strauss diz que toda a sociedade carrega em sua organização uma dose, variada em grau, de etnocentrismo. O antropólogo, com seu "olhar distanciado", deve se libertar de alguns dos seus preconceitos mais simples e fundamentais para, no rompimento com o "ponto de vista do nativo", explicar as outras sociedades e, por relação, a sociedade em que vive. Tenho lá minhas dúvidas, em antropologia, para com a análise lévi-straussniana por demasiado rígida e esquemática, mas, em certos aspectos, acredito que ela seja perfeita para a análise do "jogo bonito".

Publiquei aqui, com certa polêmica, um texto sobre Kenny Dalglish e um outro sobre a 'arrogância à brasileira' nas análises sobre o futebol. Por desconexos que possam parecer à primeira vista, ambos tem uma matriz comum: a afirmação de que não somos o povo mais desesperadamente apaixonado por futebol e que, em muitos países existem loucos tão loucos (se não mais) quanto nós pelo esporte inglês (?). A arrogancia à brasileira é uma espécie de etnocentrismo futebolístico. Essa arrogância é defendida com unhas e dentes com base em resultados: temos os melhores resultados em Copas do Mundo (o que é, a meu ver, bastante relativo, acho que, em termos gerais, a Alemanha rivaliza muito com o Brasil), produzimos os melhores jogadores, amamos o jogo mais do que em qualquer outra parte do globo, o nosso clube e a nossa seleção são mais amados do que quaisquer outros, nossos ídolos insuperáveis. 

Senhores, amigos, leitores deste blog, lamento informar: todo este ponto de vista do nativo, nossas verdades mais absolutas e sacrossantas (todo etnocentrismo produz verdades absolutas), precisam e devem ser relativizadas. É possível haver na Escócia um grande jogador. É possível que  o Liverpool F.C tenha com seu maior ídolo uma relação semelhante a que tem o maior clube do Brasil com a sua estrela-guia. Quero ir além: não amamos o jogo mais do que em qualquer outra parte do globo. Semi-final de 1998. Holanda contra Brasil. Resultado do jogo 1 x 1, vitória do Brasil nos pênaltis. Resultado da audiência na televisão. Proporcionalmente, mais holandeses viam o jogo do que brasileiros. Não lembro os dados com exatidão, mas 95% dos televisores brasileiros ligados à hora do jogo,  exibiam o jogo; na Holanda, o número era de 97 %. A Holanda, assim como o Brasil, parou para ver o jogo. Amigos, não estamos sós.

Não quero entrar na questão do "pertencimento clubístico" e da freqüência à estádios de futebol porque é uma questão muito extensa e bastante complicada. Todavia, contudo, porém, entretanto, na Alemanha as ligas inferiores à Bundesliga, detem excelentes médias de público. A média de público da segunda divisão da Alemanha se equivalia à média de público da primeira divisão do Brasileiro.

Como é amada a Seleção da Escócia? Não acredito que haja devoção maior a uma seleção do que à escocesa. Tudo, é claro, motivado pelo ódio aos ingleses. Em um jogo que ocorreu ritualisticamente de 1800 e lá vai fumaça até os anos 1970, escoceses e mais escoceses migravam para o país abaixo na esperança de poder inverter, dentro de um campo de futebol, a ordem hegemônica, política e econômica.
Difícil mesurar o amor. Embora seja muito fácil medir o ódio...

E os jogadores? Se tivemos, Garrincha e Pelé, soberanos absolutos, o que dizer de Ferenc Puskas, Alfredo Di Stefano, Don Diego Maradona, Gullit, Marco Van Basten, Johann Cruijff, Michel Platini, Lato e Boniek (em breve uma coluna sobre eles...), Zinedine Zidane, Abedi Pelé, Michael Laudrup, Roger Milla, Eusébio, "Pantera Negra", George Best, Bryan Robson, Bobby Charlton, Stanley Mathews, Kenny Dalglish, Wayne Rooney, Paul Scholes...  Na Holanda, Cruijff é melhor que Pelé,  na Argentina, Maradona é melhor que Pelé, na Escócia Kenny Dalglish é melhor que Bobby Charlton, na Irlanda do Norte, nunca houve um homem como George Best!

Vou encerrar com uma observação: é de que o etnocentrismo futebolístico não é exclusivo da cultura brasileira. Todos os amantes de futebol carregam consigo, em doses variadas, um pouco deste "mal". É afinal o etnocentrismo que sustenta a nossa crença no jogo, todas as nossas verdades futebolística se sustentam no fato de que o que estamos vendo é o centro do universo. Os jogadores a que assistimos são melhores, os times são os maiores e assim sucessivamente, se não qual seria a graça de torcer? Claro que isso é ainda mais verdadeiro e absoluto para o caso brasileiro, o país pentacampeão do mundo...Outros povos, porém, tentam buscar outras explicações para consolidar a crença: os ingleses seriam os inventores do futebol, os alemães o país mais vitorioso em Copas do Mundo, os holandeses os que praticam o jogo mais bonito e cosmopolita do mundo, e assim por diante. Verdade que a globalização e a televisão a cabo bagunçaram um pouco estas verdades absolutas. Há pouco tempo (1981) o Campeonato Carioca era quase tão importante quanto a final do Mundial. O Flamengo veio correndo às pressas do Japão para jogar um jogo contra o Vasco (acho...), o jogo que "realmente importava..." Hoje isso não é mais possível. E, talvez, só tenhamos a sensação de estarmos no centro do universo quando nos vemos à frente da televisão assistindo a um jogo de Uefa Champions League. De certa forma, a pós-modernidade ruiu, moderadamente,
estas verdades etnocentricas e absolutas do futebol. Mas isso é assunto para outros textos.

Apenas um recado: os que querem, verdadeiramente, estudar o futebol, conhecer a dinâmica do jogo, sua história, seus craques, devem se despir de todo e qualquer preconceito, de toda e qualquer verdade absoluta e sacrossanta, devem romper, em suma, com "o ponto de vista do nativo", que valoriza sempre aquilo que lhe está próximo.  Sempre tendo em mente que lá fora: também se ama o futebol, e esta paixão, embora matizada por contextos diferentes (o historiador não é sempre o historiador do contexto?), é uma só: o amor pelo jogo e para o jogo.


sábado, 1 de maio de 2010

Um Jogo Para Vida!

“Alguns jogos não tem apenas 90 minutos. Podem durar a vida inteira.” (PLASSMANN, Raul. In: Twitter. 2010)
O presente artigo foi inspirado pela frase do ex-goleiro e atual comentarista de futebol, Raul Plassmann (o homem da camisa amarela). Não sigo o Raul no Twitter, não sei de que partida especificamente ele está falando. Mas sei que concordo com ele. Há jogos que são eternos. Que não acabam nunca. Porque o jogo de futebol não é só um jogo de futebol. É a conversa do bar, é a crônica do cronista, é a análise do analista. Envolve paixão, amor, ódio, raiva, esperança, e uma outra infinidade de sentimentos do corpo e da alma do ser humano. O futebol é uma dádiva bretã ao resto do mundo. Diferente do que você, amigo leitor, está pensando, eu não vou falar do meu jogo que não acabou. Seria egocentrismo demais, num espaço em que eu divido com você e com autores de grande brilhantismo também. O blog não é meu. O blog é nosso. Como nosso é o amor pelo futebol. Ainda que eu não fale sobre o meu jogo eterno eu citarei exemplos desses jogos. Obviamente, só falarei daqueles os quais meus olhos tiveram o prazer de apreciar. Como esquecer de Vasco 4 x 1 Flamengo, pelo Brasileirão de 1997? Três de Edmundo. Marica completa a goleada descontada por Júnior Baiano. Eu lembro bem. Eu tava lá. É um jogo que marca, pro bem e pro bem. Não acabou ali. Ainda povoa rodas de discussão. Ainda é argumento vascaíno contra os rubro-negros. Estes, por sua vez, jamais esquecerão os 43 minutos daquele segundo tempo de final de Estadual contra o Vasco. Falta (que não foi). A torcida do Vasco gritava “é campeão”, porque mesmo com a derrota de 2 x 1 o caneco iria pra São Januário. Mas Dejan Petkovic silenciou a massa cruzmaltina e levou ao êxtase flamenguista à esquerda das cabines de rádio e tv. É o Pet, é o Pet, é o Pet!!! Como não mais conversarmos sobre França 3 x 0 Brasil, na final da Copa do Mundo de 1998? A CBF vendeu mesmo a Copa? A Nike obrigou mesmo Zagallo a barrar Edmundo e bancar Ronaldo mesmo depois da convulsão? Respostas que nunca foram e jamais devem ser respondidas. Pra discussão não morrer. Pro imaginário social não parar de criar teorias sobre o fato. Por fim, só queria dividir com os amigos o sentimento de ainda viver um jogo de futebol que já não existe em estrito senso. Não há mais ninguém nas arquibancadas, nem jogadores em campo. O servente do estádio já recolheu a rede. Mas o jogo ainda ta rolando, aos olhos da memória e do coração. Eterno, enquanto durar.