e por um bom tempo! Não, não é uma dessas promessas furadas de torcedor, após mais um insucesso do seu time de coração. Quem dera se fosse! Bastariam duas vitórias e um futebol um pouquinho melhor, que lá estaria eu, novamente, com a mesma camisa encardida (porém, vitoriosa, antes que digam o contrário!), feito mulher de malandro, acreditando na regeneração improvável do agente das minhas recorrentes decepções. Entretanto, daqui há alguns poucos meses, nem que quisesse quebrar a tal promessa, poderia. O palco, onde se passa boa parte dessa minha intensa e turbulenta relação com o meu time, fechará. Ainda não sei por quanto tempo (nem mesmo a corja do terno e da gravata, liderada por Engomado Paes e Sergio Pedro Álvares Cabral Filho, sabe ao certo). E pior: nem sei como ele vai ficar. Ou melhor, sei, mas não quero acreditar. O tão afamado “padrão FIFA” será enfiado goela abaixo, norma por norma, sem ao menos uma análise anterior do histórico do paciente. O processo civilizador, e sua tendência uniformizadora e universalizante, iniciará sua caminhada rumo a conquista de territórios. Um desses, é o Maracanã. Ponto estratégico, um dos mais preciosos bens do futebol brasileiro, presa fácil para os olhos gananciosos do colonizador. Tudo bem, essa última parte foi carregada de dramaticidade, concordo. Mas, você, leitor, já foi ao Maracanã ao menos uma vez na vida e ficou em pé, na arquibancada verde, bem ao lado da torcida, de sua bateria, de suas bandeiras, cantando e participando de toda aquela festa por pouco mais de noventa minutos? Se já se deu esse presente, compreende o tom “fim do mundo” das minhas palavras. Não sou contra a modernização do estádio. O maraca possui uma série de problemas, todos sabem. Duas entradas e saídas apenas, poucas catracas, uma quantidade pequena de bilheterias que funcionam e um anel exterior estreito para a o numero de pessoas que circulam, principalmente ao final do jogo, são alguns deles. Porém, fica a pergunta: será que o projeto do “novo Maracanã” resolverá essas deficiências? torço para que sim. Certeza, não tenho mesmo. Até porque a preocupação principal parece estar em disseminar uma “cultura-padrão” que estabeleça as regras de comportamento no estádio (vide a questão das vuvuzelas, que quase foram proibidas na Copa de 2010). Além do mais, você consegue imaginar, no espaço reservado ás torcidas organizadas, todos procurando o setor tal, fileira tal e numero sei lá o quê para sentar? E porque tem que se imaginar isso? Será mesmo que a partir daí a violência cessará dentro e fora do estádio? Sei apenas de uma coisa: não quero me comportar como público de teatro ou cinema em um estádio de futebol. Imagina: Adriano arranca do meio de campo, está mano a mano com o zagueiro, você levanta para ver o lance e, sem mais nem menos, ouve um ensurdecedor “seeeeentaaaaaaa!”. Ou, aquele tal de Álvaro erra, pela milésima vez, na saída de bola e você resolve xingar a plenos pulmões “seu ..., vai ...!” e, surpreendentemente, ouve um “Xiiiiiiiiiiiiiiiiiii!” generalizado, e frases como “vai pra casa, boca-suja!”, “que coisa feia!”....situações como essas parecem inimagináveis, não é? ... o quê? Exagerei....de novo? beleza, parei. Fim do tempo regulamentar. Mais meia dúzia de palavras e o “vidente-saudosista-exagerado” o deixará em paz. Para terminar, apenas uma nota de esclarecimento em minha defesa. Não tenho medo do “moderno” (desde que não seja uma roupagem para uma ideologia com ares hegemônicos!). Apenas gostaria de continuar aproveitando o prazer proporcionado pelo que é considerado “antigo”.
sexta-feira, 30 de abril de 2010
Domingo, não vou ao Maracanã...
Kenny Dalglish, o Zico de Liverpool
Vídeos:
Aqui dois vídeos, o primeiro de Dalglish at his best, o segundo ele jogando o "jogo das estrelas" em Anfield e fazendo, não falei que era igual ao Zico? :
http://www.youtube.com/watch?v=XvHQV76OT4A&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=Dxw_XTnZ1RY&feature=fvst
Este texto sobre o Dalglish inaugurou uma espécie de coluna minha, que será sobre grandes jogadores que fizeram história no futebol, principalmente, aqueles desconhecidos do público brasileiro.
quarta-feira, 28 de abril de 2010
A Quarta-Feira do ano
terça-feira, 27 de abril de 2010
Neymar, historiadores e jornalistas
segunda-feira, 26 de abril de 2010
Uma pequena amostra de que dinheiro não é tudo no futebol
domingo, 25 de abril de 2010
O Povo Brasileiro contra Dunga!
quarta-feira, 21 de abril de 2010
Nota
"Voce pode dizer o que voce quiser sobre Barcelona ou Real Madrid. Mas nenhum clube no mundo tem a História do Man United..."
Sir Bobby Charlton
Em breve, senhores, vou contar um pouco a deliciosa História do United para voces.
No treino do Barcelona
São Januário, mais que um caldeirão!
Fabricio Balmant
segunda-feira, 19 de abril de 2010
A flor do desejo e do maracujá!
Sábado, 45 do segundo tempo, Old Trafford. "Trouble for United". O empate sem gols contra o maior rival àquela altura afastava todas as possibilidade de título. O Chelsea jogaria mais tarde, contra o Spurs. Um clássico londrino, é verdade, mas com muito menos rivalidade do que City X United. Os Spurs pareciam um que não obteriam uma vitória contra os Blues, que vinham embalados, de vento em popa na primeira colocação. Por sua vez, os torcedores do City estavam mais que satisfeitos com o resultado. Além de afastar todas as possibilidades de título do United, mantinham-se fortes na briga pela quarta vaga na Uefa Champions League, com a vantagem do confronto de direto na penúltima rodada, no City of Manchester. Parecia uma tarde de futebol de sábado perfeita para os que, no começo do jogo, ironizavam a faixa rebelde dos torcedores do United ('Love United; Hate Glazers'), estapando por todo o estágio a deliciosa faixa: 'Love Glazers, Hate United'. Mas não seria. Paul Scholes não iria deixar que isso acontece dessa forma. Após receber um cruzamento de Valencia, um gol, de cabeça. Perfeito. A explosão em todo o estágio. Neville corre para o abraço e...um beijo em Paul Scholes! Scholes que durante toda a temporada marcara apenas dois gols, e fez partidas bem abaixo da crítica (contra o Bayern, em Old Trafford), não deixaria que o seu time, o SEU time ficasse nesta situação. Afinal, Scholes está há mais de dez anos no United, fez gols magníficos e decisivos (como não lembrar daquele espetacular há dois anos contra o Barcelona!), uma verdadeira lenda do United. Assim seus companheiros de time, Gary Neville e Ryan Giggs. E com eles convive intesamente há tantos e tanos anos, levando glórias para o "Teatro dos Sonhos..." Não teria grandes dificuldades em imaginar que são muito amigos e que confiam intensamente um no outro. Cresceram todos, afinal, nas categorias de base do United e são amigos de infância. Neville que durante toda a sua carreira não foi nada além de um lateral-direito razoável, com funções muito mais do que defensivas do que ofensivas, subindo raras vezes ao ataque, sempre foi um verdadeiro líder em campo e hoje é um dos maiores ídolos de todos os tempos do United, ao lado de verdadeiros gênios como Charlton, Best, Law, Cantona... Ele dedicou toda a sua vida ao United, e, apesar da sempre limitada técnica, se esforçou como poucos para estar naquele que é o maior clube de futebol do mundo. Acima de tudo, AMA o Manchester United. E, se é verdade que o futebol é um sistema totêmico, que opõe clãs e tribos em pares antitéticos, amar o United significa, sobretudo, ODIAR o City. E Neville depois de convivência tão intensa de anos com Giggs e Scholes, passou a amá-los, por perceberem, que, assim como ele são parte do United (do "Nós"), contra eles (os "outros"), do City. Há, portanto, uma declaração de amor mais bonita e profunda do que um beijo na boca mútuo? Não, amigos, não creio. A sociedade contemporânea interdita o toque entre individuos do mesmo sexo, especialmente do masculino. Basta pensar que raras vezes abraçamos nossos amigos homens, em contraposição às mulheres, que se acariciam, se tocam, se abraçam quase sempre. O futebol é uma exceção à regra, quase que como, especialmente, neste sentido, uma válvula de escape às tentações do instinto homossexual, ambiente em que o abraço, ao menos, é liberado: "Free Hugs..." O beijo de Scholes em Neville, ou vice-versa, nada é além de uma declaração de amor ao próprio clube, nada além disso, e do que o limite máximo proporcionado pela experiência futebolística. Paradoxalmente, o homossexualismo é muito condenado no meio dos jogadores. Depois do Exército, o futebol é o lugar aonde é mais raro encontrar algum sujeito homossexual. Não nos lembramos de Jonh Barnes, o negro e homossexual, que, depois de atingir a glória pelo Forest e pela Seleção Inglesa, se suicidou tragicamente? Ou ainda o zagueiro Sol Campbell que é acusado- talvez, injustamente- de homossexualismo por ter declarado que não gosta de mulheres, porque "tem medo de que elas só estejam interessadas no seu dinheiro"? O beijo de Scholes foi apenas o limite extremo deste contato físico reprimido em partes da sociedade, manifesto no futebol. Nenhuma mostra de homossexualismo por parte de cada um, apenas, no limite, uma declaração de amor ao futebol, ao United, e à propria geração a que pertencem que conquistou tudo o que pode no futebol. E, claro, de ódio ao City. Neste contexto, meus amigos, eu também quero beijar.sábado, 17 de abril de 2010
Há praticamente uma semana, boa parte dos aficcionados por Futebol - assim, com letra maiúscula, pois considero o esporte uma instituição no Brasil - ingressou em uma maratona que se repete de 4 em 4 anos. Falo da coleção do álbum da Copa do Mundo, que mobiliza muita gente em busca das figurinhas dos ídolos da bola, numa correria que envolve a compra de muitos pacotes por dia, trocas frequentes com amigos e até desconhecidos, enfim, tudo para que se completem as seleções que estarão no mundial daqui a pouco mais de 1 mês. Mas o que serve de mote para isso? Sinceramente, não sei explicar. É curioso que essa mobilização ocorra, uma vez que ajuda a registrar a o maior evento esportivo no mundo para a História e que servirá para que nossos filhos e netos acompanhem e possam perguntar, nunca se sabe por que as figurinhas do Japão são menores que as outras, ou até mesmo o motivo de Ronaldinho Gaúcho estar no álbum já que dificilmente estará na copa daqui ha pouco tempo - mas pai, por que esse cabeludo está no álbum se o Brasil foi hexa sem ele? - Não sei, filho, talvez porque muita gente quisesse que ele fosse convocado, mas o Dunga perseverou e não o levou. Além do mais, ele era muito firuleiro! -
Afirmo, ainda, que muitos se lembrarão eternamente a primeira seleção completa, a primeira figurinha, o primeiro escudo...
Uma outra pergunta que se pode fazer, é o motivo dessa avidez pela compra dos pacotinhos se, na verdade, é muito mais fácil mandar um email pra Panini, editora do álbum, com o número das que são necessárias para que se complete o álbum. Isso, é fácil de se explicar. Digo, sem medo de errar, que a maior graça das figurinhas é a expectativa que move o ser humano atrás do desconhecido e do mistério que está por tras daquele envelopinho laranja com a promessa de felicidade, ainda que fulgaz, de tirarmos o Cristiano Ronaldo, o Messi, ou até, com sorte, uma figurinha brilhante! Mas lembrem-se, figurinha brilhante só se troca por brilhante. Aliás, isso me lembra outro fator fundamental: a integração e a criação de laços sociais e afetivos que são gerados através de uma simples troca!
Principalmente se você tem o azar de tirar um monte de repetidas, como o meu caso. Azar? Ou não! Talvez seja uma sorte se inserir nesse círculo de trocas, uma espécie de "capital simbólico" ou, melhor dizendo, "pacotinhos simbólicos" Esse frenesi é, sem dúvida, sensacional. Ainda faltam pouco mais de duzentas e noventa figurinhas, inúmeras incursões ao jornaleiro - outro vício, o de passar em frente a uma banca e tentar se segurar, muitas vezes sem sucesso - até que o ciclo se acabe, chegue o dia 11 de junho e acabe esse ciclo. Até que comece tudo de novo, em 2014, dessa vez com Neymar, Coutinho, dentre outros.
Aliás, alguém tem a número 328 repetida?
Para Joel, a imortalidade
Óculos deitados sob um generoso nariz, uma barriga que aperta qualquer camisa e que serve de apoio a uma prancheta que não cansa de ser rabiscada, cabelos cuidadosamente pintados com Grecin 5, uma língua presa que cismou de tentar falar inglês e produziu pérolas dignas de you tube e um jeito inquieto e esbaforido á beira do campo cheio de caras e bocas. Esta descrição que cairia como uma luva para um personagem de um bom filme de comédia, nos leva a Joel Santana, sujeito de mais carne do que osso, que por tudo que descrevi acima e um pouco mais, torna-se um personagem, não daqueles de roteiros hollywoodianos, mas do futebol brasileiro, de sua história.
Mas será só pelo jeito caricato? definitivamente, não. Joel tem competência. Apesar de apenas um título nacional e um internacional em seu currículo (mesmo estes, bastante discutíveis), já fez bons trabalhos em brasileiros (Fluminense, em 1995, Flamengo, em 2007) e ganhou tantos cariocas ao ponto de estar a dois de alcançar Flávio Costa, treinador do Brasil na Copa de 50, que possui oito campeonatos. Suas mais recentes façanhas foram ganhar a Taça Guanabara e chegar a Final da Taça Rio com o antes desacreditado Botafogo, podendo assim, neste domingo, colocar mais um titulo na sua conta e ficar a um do recorde.
Porém, o reconhecimento da competência do ‘papai’ Joel não me faz admirar a sua concepção de futebol, que se reflete no estilo de jogo dos seus times. Prefiro meias a volantes, a inteligência predominando sob a força. Gosto de ver um time com posse de bola e sabendo o que fazer com ela. Contra-ataque, para mim, só como possibilidade, não como regra. Sei também que com este Botafogo que esta aí não há de se fazer mais do que o feijão com arroz dos nossos tempos (que isso fique bem claro, pois, na década de 60, o feijão com arroz tinha quatro atacantes e dois no meio). Mesmo assim, cabe a pergunta: será que Joel e esse Botafogo não foram feitos uma para o outro, que se melhorar acaba estragando?
Incompatibilidades á parte, o “mago da prancheta” é mais um desses imortais que a história do futebol constantemente cria. Não falo os imortais-gênios da bola. Mas de uma outra categoria (ainda carente de uma definição mais adequada), de seres humanos, peculiares, por isso, inesquecíveis. Como contar a história do futebol de hoje num futuro talvez longínquo e esquecer de Joel Santana? que os registros não se percam! que nossos descendentes reservem a Joel, ao menos, uma nota de rodapé.

